quarta-feira, 27 de maio de 2009

«DOUBLE INDEMNITY» 1944, Billy Wider

LUA NOVA
Rua Domingos Sequeira nº5A Lisboa
Quando subia, de eléctrico, no 28, a Rua Domingos Sequeira entre a Estrela e os Prazeres, fiquei parado na misteriosa cumplicidade de Fred MacMurray e Barbara Stanwick.

Em 1938, um experiente mediador de seguros da prestigiada Pacific All RisK Insurance, Co., Walter Neff, na impossibilidade de contactar um seu antigo cliente, o Senhor Dietrichson, para renovar a apólice de seguro automóvel faz uma visita a sua casa.
Aí é recebido pela sua mulher Phyllis Dietrichson que, surpreendida e surpreendente, recebe Neff, enrolada numa toalha vinda dos seus banhos de sol. A atracção entre ambos é imediata e a paixão leva Neff à loucura.
Phyllis propõe a Neff que mate o seu marido, por forma a receberem o prémio da companhia de seguros. Neff vai mais longe e congemina um esquema que permitiria a ambos receber o dobro do montante segurado com base numa cláusula de dupla indemnização prevista para determinados acidentes.
Todos os dias se encontravam à mesma hora, pelas onze da manhã, num armazém por entre farinhas para bebés, boiões de mel, latas de conservas e sabonetes, escondidos entre as prateleiras e os verdadeiros clientes, para acertarem os pormenores do seu plano. E, claro, exercitarem a sedução mais emblemática de todos os filmes negros.
É um dos encontros de Phyllis e Walter, escondidos por entre mercearias, que se vê do eléctrico.

Estão na Lua Nova, na pastelaria. Desci do eléctrico e procurei-os.
A Lua Nova tem um néon e uma esplanada com cadeiras de design português, simples, em ferro pintado, ao verde do mobiliário urbano tradicional de Lisboa.
Bebi um café e fumei uma cigarrilha em honra de Walter e Phyllis, de frente para o grande Paris Cinema.
Entrei. Tive a certeza de que a qualquer momento entrariam Walter e Phyllis: o espaço parece vindo da Lisboa mais antiga, com a ventoinha no tecto, as magnificas cadeiras de brocado vermelho e as paredes e o chão de lioz.

E a homenagem mais acabada ao cinema e à música. Estão lá Frank Sinatra, Bogart e Bacall, Tom Waits, Elvis, Marlene Dietrich, Elizabeth Taylor e Marilyn, Clark Gable, Rita Hayworth.
A televisão está apagada e é certamente igual àquela onde tanta gente viu as primeiras aventuras de Super-Homem de 1952, com George Reeves.
Pode-se telefonar de uma magnífica cabine telefónica das vermelhas, com mais de trinta anos, se tivermos connosco uma moeda de 2$50…

E nas prateleiras a antiga mercearia lusitana como a dos encontros de Walter e Phyllis: as farinhas Zelly da Favorita do Bolhão, as conservas Tricana e Minor da Conserveira de Lisboa e os azeites Saloio, Santa Maria e Triunfo do Estº. Manuel da Silva Torrado & Cª. (Irmãos), S.A… E podem comprar-se e levar para casa.
E é quase pecado levar para casa a cevada Virgem com uma imagem da Nossa Senhora que, por momentos, saiu da Basílica da Estrela, ali tão perto, e está esplendorosa nas prateleiras da Lua Nova.

A Lua Nova foi palco de outro filme, esse mais «contemporâneo», de 1998, de Fernando D’Almeida e Silva, a «Tempestade da Terra» por que passaram Maria de Medeiros e Ângelo Torres até se reencontrarem com a ajuda preciosa de João Lagarto, na pele de Inspector Robalo.
Brindemos sempre a esta nova Lua Nova, com uma das melhores ginjas lisboetas, de marca «Sem Rival», a tal que «nunca concorreu a qualquer concurso nacional ou internacional»…

terça-feira, 26 de maio de 2009

mais uma exposição inédita....

Com o alto patrocinio da nossa Ordem dos Arquitectos, atentem bem: seis novos Arquitectos...conhecem????

«Overlappings: Six Portuguese Architecture Studios
03 June 2009 - 02 July 2009

Mon-Sat 10.00-17.00 except Tues 10.00- 21.00
Venue:
Gallery 1, RIBA

Description:
Aires Mateus, Bak Gordon, Inês Lobo, João Favila, Paulo David Ricardo Carvalho, Joana Vilhena

Focussing on the work of six young Portuguese architects' studios, this exhibition highlights the breadth of practice in a country which continues to provide such an exciting context for contemporary architecture – particularly appropriate in a year which has seen Álvaro Siza as the recipient of the Royal Gold Medal.

The exhibition, consisting of models and drawings, explores the themes of locality, territory, permanence and cultural significance in the work of this cross-section of Portuguese architectural practice, explored through schemes including a high school, art centre, library and hotel. A presentation from Jonathan Sergison of Sergison Bates Architects accompanies the display.

Fees:
Free admission

Contact:
RIBA Programmes

020 7580 5533

Organiser:
The Portuguese Association of Architects & RIBA Trust»

Uma jornada de trabalho no LOUIE LOUIE

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Nova oportunidade...

Pancho Guedes é o arquitecto que se segue a 25 de Maio auditório1 Lusíada



ARCHITECTURAL POSTCARDS FROM A CONVICT
«(…) Na obra de Pancho Guedes diluem-se fronteiras, revelam-se gestos plásticos onde também estão estruturas e exprimem-se formas racionais onde coexistem escultóricas formas arquitecturais, tradições e descobertas.
Uma polifonia sistémica faz interagir a arte e a técnica de tal modo que nunca podemos distinguir fronteiras ou rupturas. É assim um fluir de metamorfoses como nos revela o autor do livro.
E é talvez por isso que em Pancho Guedes o gesto erudito ou o gesto vernacular estão patentes nas suas obras. (…)» (Jacinto Rodrigues, Prefácio a «Pancho Guedes-Metamorfoses Espaciais», de Miguel Santiago Fernandes, Caleidoscópio, Março 2007)


A ARQUITECTURA DOS SONHOS OU DA VIAGEM PELA ARTE
A mais magnífica viagem que tivemos oportunidade de fazer ainda está por fazer.
Com a certeza de que o paradoxo encerrava a mais evidente das verdades parou, o atelier, na tarde em que se apresentaria o livro de Miguel Santiago, sobre a obra de Amâncio d’Alpoim Miranda Guedes, arquitecto, nascido em Lisboa, em 1925.

Era ainda mais evidente esta certeza, porque aquele Homem fora quem, quando estudávamos, nos ensinara que queríamos ser arquitectos para toda a vida. E nos mostrara que talvez isso nos fosse possível…
Nessa altura, com pouco mais de vinte anos, no quarto ano do curso de arquitectura, foi-nos proposto projectar o interior de uma barbearia. Com absoluta confiança - leia-se liberdade - do Cliente, que com uma extrema sensibilidade pintava e esculpia. A obra seria por nós acompanhada e a execução dos mobiliários também. E porque acreditávamos na força da motivação de trazíamos, sugerimos ao nosso Mestre, Pancho Guedes, que um dos trabalhos curriculares fosse substituído pelo trabalho que desenvolveríamos naquela barbearia. E assim foi. Obra concluída.

Naquela tarde, o atelier «mudou-se» para o edifício dos Banhos de S. Paulo, a sede da Ordem dos Arquitectos, para uma sala vazia pela metade, em que se não viram os que querem ser arquitectos e aqueles que, hoje, julgam ensiná-los.
Como pode alguém julgar aprender a arquitectura, permitindo-se não descobrir a sua essência?
E essa essência está no magnífico trabalho de quem explorou a absoluta necessidade da viagem, como Pancho Guedes.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Vitruvius Mozambicanus

EXHIBITION
BELÉM - LISBON - 2009


Opening on the 18th of May 2009 at the Museu Colecção Berado is the largest retrospective exhibition of Pancho Guedes work to date. It is at the Centro Cultural de Belém, Praça do Império, 1449-003, Lisboa and lasts until the 16th of August 2009.

The exhibion shows architecture, painting, sculpture, drawings, sketches, models and photographs of work from the 1940's to the present, and is curated by his son, Pedro Guedes of the University of Queensland in Australia.

The title of the exhibition is "Vitruvius Mozambicanus", taken from the article originally published by Arquitectura Portuguesa of July 1985 featuring his work, on which this website is also based.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Bloco das Águas Livres


«Para os colegas da antiga "lavandaria",
como demonstração da flexibilidade de usos
de que a arquitectura é capaz.
Nuno Teotónio Pereira, Set. 2004»